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Como estimativas de investimentos em data centers dobraram em apenas seis meses

September 26, 2024

Há seis meses, usei este espaço para discutir como o setor imobiliário apostava na necessidade de instalação de novos data centers para atender a uma demanda crescente por armazenamento de dados. Agora, é urgente voltarmos a este tema, e a razão é uma aceleração ainda mais intensa das expectativas em relação ao potencial desse mercado.

Em abril, as estimativas da Arizton Research apontavam que, até 2030, os investimentos em novos projetos de data centers chegariam a US$ 3,5 bilhões ao ano no Brasil. Hoje, as previsões de investimentos anuais em infraestrutura para data centers saltaram para US$ 6,5 bilhões.

Houve um redimensionamento da demanda por parte de grandes players do mercado, como empresas de tecnologia, governos e instituições financeiras, refletindo a urgência em expandir e modernizar essa infraestrutura.


Empresas que antes acreditavam ter capacidade suficiente para lidar com seus dados encontraram uma realidade muito mais desafiadora. O aumento das atividades digitais, impulsionado por novas tecnologias — de inteligência artificial a veículos autônomos — está mudando as regras do jogo. A interdependência tecnológica exige não apenas capacidade de processamento, mas também uma infraestrutura cada vez mais robusta para suportar volumes que crescem de maneira exponencial.

A capacidade de armazenamento e processamento de dados não só cresceu, como se tornou mais eficiente. As inovações tecnológicas estão permitindo o armazenamento de quantidades massivas de dados em espaços menores. No entanto, essa maior eficiência vem com um preço: maior consumo de energia. Novos processadores, projetados para lidar com cargas mais complexas de dados, exigem uma quantidade de energia muito superior em comparação aos seus antecessores. Isso coloca a energia como um dos principais limitadores para a expansão dos data centers.

Um dos maiores desafios enfrentados pelos data centers atualmente é a necessidade de adaptação rápida para atender à demanda crescente por energia e resfriamento. Os avanços da inteligência artificial e a maior busca por processamento de dados exigem hardwares cada vez mais potentes, resultando em um aumento expressivo no consumo de energia. Embora seja um conceito técnico, os números são autoexplicativos: antigamente, o consumo médio de energia era de cerca de 5 kW por rack, número que saltou para 30 kW e, em alguns casos, para até 100 kW.

É neste cenário que o Brasil desponta como um dos países mais promissores para se tornar um centro de data centers globais. A razão fundamental para isso é a abundância de fontes de energia renováveis e a infraestrutura já instalada para suportar grandes demandas energéticas. Com uma matriz energética baseada em 55% de hidrelétricas e uma crescente participação de energia solar e eólica, o país é um dos poucos no mundo com capacidade para prover energia para instalações tecnológicas tão complexas como os data centers.

Além disso, a localização geográfica estratégica coloca o Brasil como um potencial hub de conexão entre América Latina, Estados Unidos e Europa. As novas instalações de cabos submarinos que conectam o norte do país ao restante do mundo reforçam essa vantagem. Ao contrário de regiões mais sujeitas a desastres naturais, como terremotos, o Brasil ainda se beneficia de uma geografia relativamente estável, o que reduz riscos para operações críticas de data centers.

Empresas como AWS (Amazon Web Services), Google Cloud, Microsoft Azure e Huawei Cloud continuam a expandir suas operações no Brasil, consolidando São Paulo como o principal espaço de data centers do país. Nomes consolidados no país, como V.tal, Scala, Odata, Equinix e Ascenty, atendem a demandas dessas “big techs”. Outros players, no entanto, também começaram a se destacar no setor. Entre os exemplos, temos a americana CenturyLink, com presença significativa no país, e brasileiras como Globenet, Ciron e Elea, que se sobressaem, seja pela capacidade de atender clientes menores, seja por suas soluções inovadoras e sustentáveis.

Chegou a hora de os investidores também começarem a se beneficiar da pujança do setor de data centers. Nos últimos meses, assistimos ao crescimento do interesse de grandes fundos de investimento, que começaram a ver esses ativos como uma oportunidade sólida e estratégica. Há seis meses, a percepção era de que os fundos imobiliários não estavam focados em data centers, mas esse cenário mudou drasticamente. Hoje, os principais fundos de investimento no país estão competindo intensamente por oportunidades nesse segmento.

September 26, 2024

Sumário


Por Itrês Stretegic 10 de abril de 2025
O poder transformador da ciência e da tecnologia sempre esteve no centro da nossa visão de futuro. Mas uma recente viagem, com o objetivo de conhecer algumas das mais avançadas tecnologias voltadas à área de real estate, reforçou de forma definitiva essa convicção. Passei pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, e no DatacenterDynamics (DCD), em Nova York, agora em março para um mergulho nas inovações que têm potencial para reconfigurar profundamente o setor imobiliário – da infraestrutura energética aos materiais de construção, passando pelo uso inteligente de dados. Voltei com um aprendizado fundamental para quem trabalha ou investe no mercado imobiliário e de construção: embora o setor tenha como uma de suas principais características ser consolidado e até mesmo conservador, em um futuro próximo, a capacidade de inovar não será apenas um diferencial competitivo — será uma questão de sobrevivência. O boom no setor de data centers tem feito com que nosso olhar se volte cada vez mais para a questão da energia, mas trata-se de avanços que vão impactar todo o desenvolvimento imobiliário. Por isso, entre as muitas tecnologias exploradas, verificamos no DCD em Nova York os Small Modular Reactors (SMRs), pequenos reatores nucleares modulares, que chamam a atenção pela capacidade de fornecer energia limpa, contínua e em larga escala a partir de unidades compactas, comparáveis ao tamanho de um contêiner. Com autonomia de operação de vários anos sem reabastecimento, sua flexibilidade de instalação pode significar uma nova era na autossuficiência energética de grandes empreendimentos imobiliários — incluindo data centers, parques logísticos e complexos multiusos. E sem os típicos riscos das grandes usinas nucleares, já que a segurança se dá nos mesmos moldes de um equipamento de raio-x dentro de hospitais. Outra pauta de igual relevância à inserção da inteligência artificial no DCD Nova York é a da “sustentabilidade digital”. A iniciativa visa incorporar tecnologias que tornem os data centers mais verdes e eficientes, focando na redução de emissões e na conquista de créditos de carbono. Além disso, busca-se otimizar a eficiência operacional, com ênfase na redução de PUE (Power Usage Effectiveness) e WUE (Water Usage Effectiveness). Esses esforços não apenas promovem avanços tecnológicos, mas também reforçam o compromisso crescente das empresas com os critérios ESG, cruciais para o futuro sustentável do setor. Em paralelo, o desenvolvimento de chips mais eficientes energeticamente vem se mostrando essencial diante da explosão da demanda por processamento, especialmente com o avanço da inteligência artificial. Atualmente, a energia consumida por racks em data centers pode ultrapassar 100 kW — um salto exponencial em relação aos padrões de poucos anos atrás. Pesquisadores trabalham para reverter esse cenário, criando processadores capazes de manter ou até ampliar sua performance com consumo muito menor. A eficiência energética deixa de ser apenas um diferencial técnico para se tornar um pilar fundamental da viabilidade de negócios digitais e da infraestrutura que os abriga. Outra fronteira promissora está nos materiais que produzem energia. Um exemplo instigante é o estudo de um tipo de concreto com propriedades semelhantes às de um capacitor, capaz de captar e armazenar energia térmica ou vibracional diretamente nas superfícies das construções. A ideia de que elementos estruturais possam se tornar fontes auxiliares de energia abre caminho para uma arquitetura mais inteligente, autossuficiente e integrada à lógica da sustentabilidade. E se tratamos da capacidade energética para atender uma demanda cada vez maior para lidar com quantidades volumosas de dados, é a própria inteligência artificial e sua capacidade de trabalhar dados que começa a causar outra transformação no setor imobiliário. Em Boston, o MIT Sustainable Design Lab simula o consumo de energia de quase 100 mil edifícios da cidade, com base em dados geoespaciais, idade das construções, tipologias e uso do solo. O modelo permite identificar oportunidades de eficiência, planejar microgrids e redes de energia combinada e orientar políticas públicas com base em evidências precisas. Uma abordagem que inspira também o setor privado, sobretudo em projetos de larga escala, que exigem previsibilidade e resiliência. É possível entender o estágio de maturidade de cada tecnologia, seus potenciais impactos no mercado e quais áreas da cadeia imobiliária podem ser transformadas. Em um cenário de rápidas mudanças, ter informação é essencial para profissionais e empresas tomarem decisões que maximizem o potencial das oportunidades. A mensagem que compartilho a partir dessa experiência é clara: o setor imobiliário do futuro será moldado por dados, ciência, colaboração com centros de excelência e uma mentalidade de experimentação constante.
Por Itrês Stretegic 9 de abril de 2025
La Agencia Nacional de Energía Eléctrica (ANEEL) concedió autorización para la conexión al Sistema Interconectado Nacional (SIN) de proyectos que adicionarán una carga total de 479 megawatts (MW) hasta 2032, siendo 359 MW dedicados al sector de centros de datos. Los 359 MW serán distribuidos entre tres proyectos de centros de datos en el estado de São Paulo, y el restante será destinado a una empresa del ramo de bioenergia y agroindustria que implantará una fábrica en el estado de Bahia para producir etanol a partir del procesamiento de maíz. La mayor parte de la carga fue concedida a la Aurea Finvest, empresa especializada en proyectos inmobiliarios para centros de datos, que contará con una carga de 200 MW hasta diciembre de 2032 para la instalación de un centro de datos hyperscale de la Techo Centros de datos en Santana de Parnaíba. La autorización envuelve la subestação Edgard de Souza, en São Paulo, de propiedad de la ISA Energía Brasil S.A. En respuesta a la DCD, el director de ingeniería de la Aurea Finvest, Moisés de Souza, repercute la aprobación: ”En el desarrollo de un proyecto de centro de datos, la Aurea Finvest garantiza todas las aprobaciones de terreno, ambientales y eléctricas necesarias para que el centro de datos sea instalado en el lugar. En esta etapa, entregamos el proyecto totalmente aprobado, pronto para el inicio de la construcción y montajes. El Parecer de Acceso de 200 MW en Santana de Parnaíba, por ejemplo, es un marco increíble por la potencia obtenida en aquella región". La REC Bandeirantes 41 Participaciones S.A., empresa que actúa en el ramo inmobiliario para centros de datos, tuvo 88 MW aprobados para un proyecto que será instalado en São Paulo hasta julio de 2028, a través de seccionamiento de línea de transmisión de la ISA Energía Brasil S.A. La Pahlavan Ventures Threee Ltda., empresa de tecnología de la información, recibió autorización para un proyecto de centro de datos en São Paulo con carga de 71 MW hasta diciembre de 2032 y será conectado a la subestación Replan de la ISA Energía Brasil S.A. La DCD está en contacto con esas dos últimas empresas envueltas en la autorización de la ANEEL para conocer más detalles de los proyectos.
Por Itrês Stretegic 8 de abril de 2025
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) concedeu autorização para a conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de projetos que adicionarão uma carga total de 479 megawatts (MW) até 2032, sendo 359 MW dedicados ao setor de data centers. Os 359 MW serão distribuídos entre três projetos de centros de dados no estado de São Paulo, e o restante será destinado a uma empresa do ramo de bioenergia e agroindústria que implantará uma usina na Bahia para produzir etanol a partir do processamento de milho. A maior parte da carga foi concedida à Aurea Finvest, empresa especializada em projetos imobiliários para data centers, que contará com uma carga de 200 MW até dezembro de 2032 para a instalação de um centro de dados hyperscale da Tecto Data Centers em Santana de Parnaíba. A autorização envolve a subestação Edgard de Souza, em São Paulo, de propriedade da ISA Energia Brasil S.A. Em resposta à DCD, o diretor de engenharia da Aurea Finvest, Moisés de Souza, repercute a aprovação: “No desenvolvimento de um projeto de data center, a Aurea Finvest garante todas as aprovações fundiárias, ambientais e elétricas necessárias para que o data center seja instalado no local. Nesta etapa, entregamos o projeto totalmente aprovado, pronto para o início da construção e montagens. O Parecer de Acesso de 200 MW em Santana de Parnaíba, por exemplo, é um marco incrível pela potência obtida naquela região". A REC Bandeirantes 41 Participações S.A., empresa que atua no ramo imobiliário para data centers, teve 88 MW aprovados para um projeto que será instalado em São Paulo até julho de 2028, via seccionamento de linha de transmissão da ISA Energia Brasil S.A. A Pahlavan Ventures Threee Ltda., empresa de tecnologia da informação, recebeu autorização para um projeto de data center em São Paulo com carga de 71 MW até dezembro de 2032 e será conectado à subestação Replan da ISA Energia Brasil S.A. A DCD está em contato com essas duas últimas empresas envolvidas na autorização da ANEEL para conhecer mais detalhes dos projetos.
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