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FIIs podem ajudar a resolver importante gargalo do agro brasileiro

June 19, 2024

Uma cena se repete nos períodos de pico da safra de grãos no Brasil: filas de caminhões nas entradas dos portos brasileiros encaminham a produção nacional para exportação. Para quem acompanha mais de perto o agronegócio, outra imagem comum pode vir à mente: montanhas de milho ou soja ao lado de silos cheios. Trata-se da conhecida pujança do setor rural brasileiro, comprovada pelos números.


A safra de grãos de 2022/23 chegou a 319,8 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). E, se o número absoluto já impressiona, o crescimento não fica atrás. O resultado é 38% superior ao da safra 2017/18 – exatos cinco anos de diferença.


Mas as cenas não indicam apenas a fartura e a força do agronegócio nacional. As filas e as montanhas de grãos revelam um gargalo importante do setor: o déficit na capacidade de armazenagem da produção brasileira. A estimativa da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) é de que falta espaço de armazenamento para mais de 120 milhões de toneladas de grãos no país, o que corresponde a nada menos que 37% da produção.


A falta de infraestrutura adequada de armazenagem leva a prejuízos significativos no agronegócio. Estimativas indicam que as perdas anuais chegam a aproximadamente R$ 11 bilhões no milho e R$ 19 bilhões na soja, totalizando cerca de R$ 30 bilhões. Essas perdas são causadas pela deterioração dos grãos, por problemas de escoamento e pela espera prolongada nos portos, que afetam a qualidade dos produtos. É comum vermos caminhões aguardarem por até sete dias nas filas.


Isso sem contar quanto o produtor rural deixa de ganhar por não ter a opção de escolher o melhor momento para a venda da sua mercadoria. Sem espaço para armazenagem do que acabou de ser colhido, o produtor muitas vezes precisa repassar sua produção não no melhor momento do valor de mercado. Ou seja, está sujeito às intempéries e à arbitragem de preços. Para efeito de exemplo, o Brasil tem apenas 15% da sua capacidade de armazenagem dentro das fazendas produtoras. Nos Estados Unidos, 65% da produção fica guardada na propriedade de origem.


Mesmo diante de uma demanda tão alta, o número de novos estabelecimentos de armazenagem ativa no Brasil cresce timidamente. O último dado da Pesquisa de Estoques do IBGE, referente ao primeiro semestre de 2023, identificou 8.684 estabelecimentos ativos no Brasil, o que significava uma alta de apenas 3% em relação ao período anterior. Além disso, o pequeno e médio produtor, que representa 35% da produção no país, não conta com capital ou financiamento viável para a construção dos seus próprios centros de armazenagem.


A situação deve se agravar ainda mais em 2024 depois da tragédia provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Ainda não há um levantamento dos prejuízos causados à infraestrutura de armazenagem no estado, mas os gaúchos tinham a segunda maior capacidade de guardar grãos no país, perdendo apenas para Mato Grosso.


Os números demonstram o tamanho do desafio logístico do agro brasileiro, mas revelam também uma oportunidade única para o desenvolvimento de centros de armazenagem como uma estratégia de investimento imobiliário. A demanda crescente por infraestrutura adequada, aliada a incentivos governamentais e avanços tecnológicos, cria um ambiente propício para esse tipo de negócio. É hora de o campo brasileiro incorporar alguns dos conhecimentos tradicionais do setor imobiliário e criar soluções inovadoras e estratégicas que busquem endereçar o gargalo da armazenagem.


Os novos projetos vão exigir adequação às necessidades mais atuais do mercado, como a incorporação de novas tecnologias e práticas sustentáveis, além de um olhar atento à escolha das localizações, ampliando a capilaridade de unidades de armazenagem junto ou próximo aos centros de produção e nos terminais portuários.


Há espaço também para que os centros de armazenagem ofereçam serviços, como beneficiamento e transporte, aumentando a rentabilidade e atraindo uma gama maior de clientes. Por fim, o setor imobiliário tem a capacidade de desempenhar um papel importante de viabilizador de novas formas de financiamento, inclusive com a aproximação do mercado financeiro em modelos já consagrados de captação, como, por exemplo, o de fundos imobiliários (FIIs).



Com interesses alinhados, há um grande potencial para o nascimento de um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento para todos os lados.


June 19, 2024

Sumário


Por Itrês Stretegic 10 de abril de 2025
O poder transformador da ciência e da tecnologia sempre esteve no centro da nossa visão de futuro. Mas uma recente viagem, com o objetivo de conhecer algumas das mais avançadas tecnologias voltadas à área de real estate, reforçou de forma definitiva essa convicção. Passei pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, e no DatacenterDynamics (DCD), em Nova York, agora em março para um mergulho nas inovações que têm potencial para reconfigurar profundamente o setor imobiliário – da infraestrutura energética aos materiais de construção, passando pelo uso inteligente de dados. Voltei com um aprendizado fundamental para quem trabalha ou investe no mercado imobiliário e de construção: embora o setor tenha como uma de suas principais características ser consolidado e até mesmo conservador, em um futuro próximo, a capacidade de inovar não será apenas um diferencial competitivo — será uma questão de sobrevivência. O boom no setor de data centers tem feito com que nosso olhar se volte cada vez mais para a questão da energia, mas trata-se de avanços que vão impactar todo o desenvolvimento imobiliário. Por isso, entre as muitas tecnologias exploradas, verificamos no DCD em Nova York os Small Modular Reactors (SMRs), pequenos reatores nucleares modulares, que chamam a atenção pela capacidade de fornecer energia limpa, contínua e em larga escala a partir de unidades compactas, comparáveis ao tamanho de um contêiner. Com autonomia de operação de vários anos sem reabastecimento, sua flexibilidade de instalação pode significar uma nova era na autossuficiência energética de grandes empreendimentos imobiliários — incluindo data centers, parques logísticos e complexos multiusos. E sem os típicos riscos das grandes usinas nucleares, já que a segurança se dá nos mesmos moldes de um equipamento de raio-x dentro de hospitais. Outra pauta de igual relevância à inserção da inteligência artificial no DCD Nova York é a da “sustentabilidade digital”. A iniciativa visa incorporar tecnologias que tornem os data centers mais verdes e eficientes, focando na redução de emissões e na conquista de créditos de carbono. Além disso, busca-se otimizar a eficiência operacional, com ênfase na redução de PUE (Power Usage Effectiveness) e WUE (Water Usage Effectiveness). Esses esforços não apenas promovem avanços tecnológicos, mas também reforçam o compromisso crescente das empresas com os critérios ESG, cruciais para o futuro sustentável do setor. Em paralelo, o desenvolvimento de chips mais eficientes energeticamente vem se mostrando essencial diante da explosão da demanda por processamento, especialmente com o avanço da inteligência artificial. Atualmente, a energia consumida por racks em data centers pode ultrapassar 100 kW — um salto exponencial em relação aos padrões de poucos anos atrás. Pesquisadores trabalham para reverter esse cenário, criando processadores capazes de manter ou até ampliar sua performance com consumo muito menor. A eficiência energética deixa de ser apenas um diferencial técnico para se tornar um pilar fundamental da viabilidade de negócios digitais e da infraestrutura que os abriga. Outra fronteira promissora está nos materiais que produzem energia. Um exemplo instigante é o estudo de um tipo de concreto com propriedades semelhantes às de um capacitor, capaz de captar e armazenar energia térmica ou vibracional diretamente nas superfícies das construções. A ideia de que elementos estruturais possam se tornar fontes auxiliares de energia abre caminho para uma arquitetura mais inteligente, autossuficiente e integrada à lógica da sustentabilidade. E se tratamos da capacidade energética para atender uma demanda cada vez maior para lidar com quantidades volumosas de dados, é a própria inteligência artificial e sua capacidade de trabalhar dados que começa a causar outra transformação no setor imobiliário. Em Boston, o MIT Sustainable Design Lab simula o consumo de energia de quase 100 mil edifícios da cidade, com base em dados geoespaciais, idade das construções, tipologias e uso do solo. O modelo permite identificar oportunidades de eficiência, planejar microgrids e redes de energia combinada e orientar políticas públicas com base em evidências precisas. Uma abordagem que inspira também o setor privado, sobretudo em projetos de larga escala, que exigem previsibilidade e resiliência. É possível entender o estágio de maturidade de cada tecnologia, seus potenciais impactos no mercado e quais áreas da cadeia imobiliária podem ser transformadas. Em um cenário de rápidas mudanças, ter informação é essencial para profissionais e empresas tomarem decisões que maximizem o potencial das oportunidades. A mensagem que compartilho a partir dessa experiência é clara: o setor imobiliário do futuro será moldado por dados, ciência, colaboração com centros de excelência e uma mentalidade de experimentação constante.
Por Itrês Stretegic 9 de abril de 2025
La Agencia Nacional de Energía Eléctrica (ANEEL) concedió autorización para la conexión al Sistema Interconectado Nacional (SIN) de proyectos que adicionarán una carga total de 479 megawatts (MW) hasta 2032, siendo 359 MW dedicados al sector de centros de datos. Los 359 MW serán distribuidos entre tres proyectos de centros de datos en el estado de São Paulo, y el restante será destinado a una empresa del ramo de bioenergia y agroindustria que implantará una fábrica en el estado de Bahia para producir etanol a partir del procesamiento de maíz. La mayor parte de la carga fue concedida a la Aurea Finvest, empresa especializada en proyectos inmobiliarios para centros de datos, que contará con una carga de 200 MW hasta diciembre de 2032 para la instalación de un centro de datos hyperscale de la Techo Centros de datos en Santana de Parnaíba. La autorización envuelve la subestação Edgard de Souza, en São Paulo, de propiedad de la ISA Energía Brasil S.A. En respuesta a la DCD, el director de ingeniería de la Aurea Finvest, Moisés de Souza, repercute la aprobación: ”En el desarrollo de un proyecto de centro de datos, la Aurea Finvest garantiza todas las aprobaciones de terreno, ambientales y eléctricas necesarias para que el centro de datos sea instalado en el lugar. En esta etapa, entregamos el proyecto totalmente aprobado, pronto para el inicio de la construcción y montajes. El Parecer de Acceso de 200 MW en Santana de Parnaíba, por ejemplo, es un marco increíble por la potencia obtenida en aquella región". La REC Bandeirantes 41 Participaciones S.A., empresa que actúa en el ramo inmobiliario para centros de datos, tuvo 88 MW aprobados para un proyecto que será instalado en São Paulo hasta julio de 2028, a través de seccionamiento de línea de transmisión de la ISA Energía Brasil S.A. La Pahlavan Ventures Threee Ltda., empresa de tecnología de la información, recibió autorización para un proyecto de centro de datos en São Paulo con carga de 71 MW hasta diciembre de 2032 y será conectado a la subestación Replan de la ISA Energía Brasil S.A. La DCD está en contacto con esas dos últimas empresas envueltas en la autorización de la ANEEL para conocer más detalles de los proyectos.
Por Itrês Stretegic 8 de abril de 2025
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) concedeu autorização para a conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de projetos que adicionarão uma carga total de 479 megawatts (MW) até 2032, sendo 359 MW dedicados ao setor de data centers. Os 359 MW serão distribuídos entre três projetos de centros de dados no estado de São Paulo, e o restante será destinado a uma empresa do ramo de bioenergia e agroindústria que implantará uma usina na Bahia para produzir etanol a partir do processamento de milho. A maior parte da carga foi concedida à Aurea Finvest, empresa especializada em projetos imobiliários para data centers, que contará com uma carga de 200 MW até dezembro de 2032 para a instalação de um centro de dados hyperscale da Tecto Data Centers em Santana de Parnaíba. A autorização envolve a subestação Edgard de Souza, em São Paulo, de propriedade da ISA Energia Brasil S.A. Em resposta à DCD, o diretor de engenharia da Aurea Finvest, Moisés de Souza, repercute a aprovação: “No desenvolvimento de um projeto de data center, a Aurea Finvest garante todas as aprovações fundiárias, ambientais e elétricas necessárias para que o data center seja instalado no local. Nesta etapa, entregamos o projeto totalmente aprovado, pronto para o início da construção e montagens. O Parecer de Acesso de 200 MW em Santana de Parnaíba, por exemplo, é um marco incrível pela potência obtida naquela região". A REC Bandeirantes 41 Participações S.A., empresa que atua no ramo imobiliário para data centers, teve 88 MW aprovados para um projeto que será instalado em São Paulo até julho de 2028, via seccionamento de linha de transmissão da ISA Energia Brasil S.A. A Pahlavan Ventures Threee Ltda., empresa de tecnologia da informação, recebeu autorização para um projeto de data center em São Paulo com carga de 71 MW até dezembro de 2032 e será conectado à subestação Replan da ISA Energia Brasil S.A. A DCD está em contato com essas duas últimas empresas envolvidas na autorização da ANEEL para conhecer mais detalhes dos projetos.
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